Nas páginas do jornal "Desporto Sem Paralelo" apareceu a seguinte reportagem (afecta à equipa da casa) sobre o último jogo da equipa Olivais/Freitas & Sobral, feito em casa do Boa Viagem, Açores, que transcrevemos com a devida vénia:
Não há vantagem que resista
Boa Viagem voltou a ceder em casa perante um Olivais que continua intratável na Liga de basquetebol feminino. As insulares acusaram ansiedade em demasia e perderam por 54-58.
Há coisas difíceis de explicar. Marcos Couto, no final do encontro, justificou o desaire com a inexperiência da equipa, uma das mais jovens do campeonato, mas o que sucedeu nos últimos segundos está mais relacionado com falta de calma, serenidade e “cabecinha” para segurar uma vantagem que, pelo tempo que faltava, se podia considerar confortável.
A história é quase tão simples como a forma como o Olivais de Coimbra, líder invicto da Liga feminina de basquetebol, derrotou o Boa Viagem na 11.ª jornada. Com 54-47 a seu favor e cerca de um minuto para jogar, as insulares consentem dois triplos quase de uma assentada. Num ápice voaram seis pontos e Dora Duarte (até aqui a evidenciar-se) comete um turn-over quando restavam apenas 18 segundos para gerir. Célia Simões imitou a colega logo depois, oferecendo às forasteiras a oportunidade de decidir a partida da linha de lance livre, isto depois de Joana Lopes ter falhado dois pontos fáceis.
É caso para dizer que as meninas do Corpo Santo tiveram o pássaro na mão e deixaram-no voar. Até aqui assistiu-se a um encontro competitivo e muito bem disputado, com o Boa Viagem a dominar quase de forma esmagadora durante o terceiro período (15-4). Notável comportamento defensivo, bem valorizado por um colectivo que funcionou a preceito. O Olivais tremeu e não revelou capacidades para travar a marcha galopante das locais, que acabaram por alcançar a liderança em termos de marcador.
Porém, durante a primeira parte, as terceirenses realizaram uma exibição algo titubeante, principalmente durante o primeiro quarto, com alguns passes completamente impensáveis. Por outro lado, o jogo interior nem sempre surgiu com a devida eficácia, graças, sobretudo, ao completo apagão de Sara Filipe (apenas seis pontos e nenhum ressalto), enquanto que Kristin Wiener não é capaz, de facto, de substituir Joi Scott, em evidentes dificuldades físicas.
No entanto, é justo salientar o imenso mérito das atletas de Coimbra, com uma estrutura quase irrepreensível. Destaque para o poder de organização de Filipa Freitas e a superioridade de Pauline nos ressaltos, enquanto que Aja Parham transpirou qualidade, revelando uma impressionante facilidade de lançamento. Já Ana Teixeira e Ana Fonseca estiveram mais discretas no regresso a Angra do Heroísmo, ainda assim importantes no equilíbrio do conjunto.
Se esquecermos aqueles momentos fatais, a prestação do Boa Viagem até merece elogios e deve ter deixado, certamente, o treinador angrense satisfeito, até porque o cinco às suas ordens conseguiu bater o pé a uma equipa que já derrubou tudo e todos. Resta melhorar para o jogo da Taça de Portugal, frente ao mesmo Olivais.
Arbitragem longe de merecer nota positiva, acumulando uma série de erros, principalmente nos primeiros 20 minutos.
Luís Almeida