Presidentes do Olivais Futebol Clube reunidos em livro

Presidentes do Olivais Futebol Clube reunidos em livro
Por Zilda Monteiro

Prestes a completar 78 anos de existência, o Olivais Futebol Clube prepara-se para lançar um livro sobre os presidentes que, ao longo destas quase oito décadas, passaram por este emblemático clube de Coimbra. Depois de ter publicado uma obra sobre os 75 anos do clube, Carlos Daniel dedicou o último ano a um profundo trabalho de pesquisa e vai dar a conhecer agora alguns dos homens que marcaram a vida desta instituição.
Chama-se “Presidentes” e vai ser apresentado a 3 de fevereiro, três dias antes do Olivais Futebol Clube (FC) completar a bela idade de 78 anos. Da autoria de Carlos Daniel, este livro dá a conhecer às novas gerações alguns dos homens que passaram pela presidência do clube e que traçaram o seu percurso. Aos mais antigos, recorda figuras e momentos do passado, num misto de saudade pelos que já partiram e de orgulho pelo percurso que a coletividade tem traçado, apesar de todas as dificuldades que se têm cruzado no seu caminho.
Carlos Daniel faz parte desta vasta “família olivanense”. Faz parte do seu passado, já que durante quase uma década foi jogador do clube; e faz parte do seu presente, enquanto sócio e fervoroso adepto. Espera fazer também parte do seu futuro, ao mesmo tempo que explora o seu passado. O seu trabalho de investigação não termina com a conclusão deste segundo livro. Em mente tem já uma nova pesquisa, sobre os treinadores que passaram pelo Olivais e que tantos troféus e títulos ajudaram o clube a conquistar.
Apesar de afirmar que “não tem jeito” para a investigação, o trabalho que tem realizado desmente-o e a paixão com que se tem envolvido nesta longa e nem sempre fácil pesquisa também.
Engenheiro de profissão, tem dedicado muitos dos seus dias de reformado à investigação. Para escrever o livro “Presidentes”, Carlos Daniel fez pesquisas durante um ano, nos registos do clube e através de vários contactos com familiares dos antigos presidentes dos Órgãos Sociais do Olivais. Confessa que não conseguiu encontrar dados sobre todos mas encontrou muitos dados e histórias interessantes.
“Pelo que pude apurar devem ter sido perto de 70 os presidentes do Olivais. Consegui reunir dados sobre cerca de 60”, explica. São esses que serão dados a conhecer ao longo de mais de 130 páginas. António de Sousa, antigo diretor de O Despertar é o “número um”. Seguem-se muitos outros nomes, uns bem conhecidos outros nem tanto, mas todos muito importantes para a vida do clube.
Carlos Daniel destaca precisamente a “diversidade de classes” que encontrou. “Encontrei nesta pesquisa pessoas de todas as classes sociais. Baseei-me muito no registo dos sócios e reparei que já na década de 40 o Olivais tinha mais de 800 sócios. É impressionante. É uma classe muito diversificada. Do pedreiro, ao doutor ou ao simples cidadão comum, todos passaram pelo Olivais”, sublinha.
É esta massa humana que faz a riqueza de um clube. Carlos Daniel pretende passar essa mensagem para as gerações mais novas, dando-lhes a conhecer os homens que assumiram a sua direção. Apesar de conhecer a maioria dos presidentes, admite que “há um ou outro” em que teve mais dificuldades.


Uma obra em memória de todos

Com 66 anos de idade, Carlos Daniel é um homem de afetos. Afirma com emoção que é “muito agarrado à família, aos amigos e ao Olivais” e que tudo isso o levou a escrever. “Talvez tenha sido um sentimento de saudosismo que me motivou. No Olivais não há nada escrito e gostava que essa lacuna fosse corrigida”, frisa.
Os escassos escritos existentes não lhe facilitaram o trabalho mas deram-lhe ainda mais determinação para continuar a analisar a história do clube, até porque “desvendar o passado de uma coletividade se torna muito viciante e entusiasmante”.
Pretende fazer de “Presidentes” uma “pequena obra em memória de todos”. Com uma linguagem simples, o livro apresenta uma biografia de cerca de 60 presidentes. Será, segundo o autor, uma “sequência do primeiro livro”, sobre os 75 anos do clube.
O livro é lançado no dia 3 de fevereiro, domingo, às 17h00, no Pavilhão Eng. Augusto Correia, no âmbito das comemorações dos 78 anos do Olivais FC, que se assinalam no dia 6. Vai ser apresentado por Carlos Manuel Rodrigues (antigo atleta e sócio do clube), numa cerimónia que deverá contar com a presença do presidente da Câmara de Coimbra, do vereador do Desporto, do presidente da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, do presidente da direção do Olivais Jaime e da vasta “família olivanense”.
Este programa integra ainda a realização de uma tertúlia, que irá contar com a participação de atletas e outras pessoas que passaram pelo clube, como José Pôncio, Carlos Portugal e Clara Luxo Correia.

“Amor ao clube” leva Carlos Daniel a explorar o seu passado

Carlos Daniel David Franco nasceu a 13 de janeiro de 1947, na freguesia de Santo António dos Olivais. A sua ligação ao Olivais Futebol Clube começou muito cedo, devido ao pai mas também aos amigos. Na altura, o clube era uma espécie de “ponto de encontro e convívio”.
Começou a jogar basquetebol em 1961 e logo nesse ano a foi campeão nacional pela equipa de infantis. “Orgulho-me de ter sido um dos atletas que não perdeu um único jogo nesse campeonato. Desde o campeonato regional até ao nacional nunca perdemos”, conta. Recorda esses tempos com saudade e emoção, até porque alguns dos “companheiros” já faleceram, como o António Pratas.
Jogou até 1968/69. Considera que foi pouco tempo mas, mesmo assim, passou pelos três escalões que existiam na época – infantis, juvenis e seniores.
Deixou o basquetebol porque teve que ir para a tropa, para o Ultramar. Casou, teve dois filhos e licenciou-se em Engenharia Mecânica, pelo Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.
A vida familiar e profissional não fizeram diminuir esta paixão pelo clube. Acompanhou sempre o percurso do Olivais e pertenceu aos órgãos sociais do clube durante vários anos.
Desde que se reformou que se tem dedicado de forma mais intensa ao clube do coração. Explora o seu passado com entusiasmo porque quer que a história do “seu” clube fique registada. Diz que o faz por “amor ao Olivais”, que considera como a sua “segunda casa”.